segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Trovoadas

 


Sempre me impressionaram muito os trovões e os relâmpagos; em Martim quando trovejava os mais velhos diziam que era o Pai do Céu que estava a ralhar, lembro-me que a minha mãe fechava a porta, acendia velas e de rosário na mão rezava a Santa Bárbara e pedia para que passasse depressa. Depois de a trovoada passar vínhamos todos para a rua ver os estragos que tinha feito. Guardo na minha memória duas trovoadas gigantescas e lindas que presenciei; uma foi quando eu tinha 10 anos e estava com a minha mãe e uma das minhas irmãs a lavar no rio; de repente o céu começou a escurecer e a água do rio a subir. A minha mãe recolheu a roupa à pressa e pediu-nos para nos despacharmos a subir a ladeira que nos levava a umas fragas acima do rio, no momento em que estávamos a chegar a trovoada rebentou; eram estrondos tão fortes e relâmpagos tão baixos que pensei que íamos ser engolidas por aquilo. A minha mãe abraçou-nos e ficamos assim as três agarradas até passar. Entretanto apareceu o meu pai que tinha vindo ao nosso encontro. A outra tinha eu 22 anos, foi na Córsega. Fui para lá trabalhar no verão para guardar um menino. Estávamos em Porto Vecchio e fomos apanhar o avião a Ajaccio para regressarmos a Paris. Saímos às 4h da manhã de carro e a meio do caminho, ainda de noite, rebentou a trovoada, desta vez ninguém se abraçou mas fiquei com a impressão de que todos nos encolhemos no carro! O barulho do trovão era medonho e os relâmpagos cada vez maiores e mais perto como se fossem engolir o carro, parecia mesmo que íamos entrar pela trovoada adentro…


2 comentários :

Anónimo disse...

Ó Zeza Maria, desde quando é que as trovoadas são bonitas?!

Bj,

Susie de Sonho.

zeza disse...

Ó Susie de Sonho Maria, deves saber muito bem que quem feio ama bonito lhe parece... Beijinhos bons.