Depois da colheita da azeitona vinha a hora do rebusco, e vinha o cabo dos trabalhos; todas as tardes durante duas ou três semanas íamos pelos olivais fora apanhar as azeitonas que tinham ficado esquecidas no chão, havia sempre alguém que as comprava o que dava sempre muito jeito. Mas nós fazíamos sempre de tudo menos procurar essas bolinhas pretas pequeninas. Pinchávamos os muros, batuchávamos nos charcos, jogávamos às escondidas; a noite chegava depressa sem que nós tivéssemos apanhado o que quer que fosse. Chegávamos a casa com os sacos vazios e o nosso pai arreliava-se connosco. Um dia antes de sairmos ele avisou-nos para não virmos para casa de mãos a abanar ou levávamos uma data. Lembro-me bem e ainda consigo sentir a angústia que passamos porque corremos tudo, tudo e não conseguimos encontrar nenhuma azeitona. A nossa sorte foi encontrarmos a nossa tia no caminho, levou-nos para casa dela e encheu os sacos de azeitona, se já gostávamos dela passámos a adorá-la.
tia e irmãs - 31/12/1991
1 comentário :
Bem, acho que é melhor nao falares mais de "datas", senao qualquer dia a assistente social ainda vai pedir explicacoes aos pais..... Beijos.
Enviar um comentário