quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O que a minha mãe passou comigo…

Entre os meus 14 e 17 anos fui terrível! Não fumei, não bebi, não namorei (muito), simplesmente embirrava com tudo. Chateava a minha mãe, punha-a à prova de manhã à noite. Que querem?! Era adolescente! Em pleno inverno não queria usar casaco (na semana passada quase morri quando a minha filha de 15 anos apareceu na cozinha às 7h da manhã só com dois farrapos vestido e disse que ia assim para a escola). Usava as calças muito esticadas, marcava-as com uma caneta e cosia-as à mão para ficarem bem justas, depois para as conseguir vestir deitava-me em cima da cama; usava-as com camisolas largas de malha que eu própria fazia (foi a minha tia que me ensinou). Quando o tempo estava mais quente vestia saias e vestidos curtos, ficava sempre com medo que o meu pai ralhasse mas tive sorte porque ele nunca disse nada; (a nossa roupa era toda dada e a minha mãe é que a arranjava). Íamos apanhar a carreira (camioneta) ao largo da capela para ir para a escola, eu andava sempre o mais devagar que pudesse, a minha mãe ficava doente, estava sempre à espera do dia em que eu não chegasse a tempo e dizia “em vez desta rapariga esperar pela carreira é a carreira que espera por ela”. E era verdade; o Sr. Luís (motorista) era muito simpático, acho que ele me compreendia. Obrigada Sr. Luís pelas tantas vezes que esperou por mim. Por vezes esquecia-me de comer, a minha mãe preocupava-se porque eu tinha um problema no estômago e andava sempre atrás de mim a perguntar o que é que eu queria, eu respondia sempre “comida”! Mas o que é comida para ti, perguntava ela. E eu lembro-me de lhe responder sempre “caldo de couves pretas” (não me perguntem porque eu também não sei o que é). Nessa altura também acho que devorei todas as “Biancas” e “Sabrinas” que apanhei. Tinha uma amiga que andava na mesma turma que eu (faleceu aos 37 anos, tive muita pena) que me levava para casa dela onde a mãe tinha uma estante cheia desses livrinhos pequeninos. Eu ia levando uns de cada vez para minha casa e lia-os ao borralho depois de todos se terem deitado. A minha mãe vinha dar comigo às tantas da noite e obrigava-me a deitar, antes ainda me preparava um leitinho quente; enquanto isso eu ouvia-a a resmungar, dizia que gostava bem de saber o que estaria escrito ali, e eu pensava com os meus botões que por uma vez dava jeito ela não saber ler. Uma vez li-lhe o “Amor de perdição”, a partir desse dia nunca mais a consegui enganar; acho que ela lia as minhas expressões quando eu estava a ler e como eu não gostava passei a ler às escondidas. Ainda hoje se me apanha a ler alguma coisa que me absorve mais pergunta logo qual é a história! Que saudades de ter alguém que cuide de nós…


1 comentário :

Inês disse...

Nao eram 2 farrapos ! e nao tive frio.

e tu eras pior que eu !! por isso nao podes falar muito ;b


tas memo lindaaa +.+
kissa