segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Paris

O meu pai sempre nos disse que só nos podia trazer na escola até ao 9º ano, a partir daí seria por nossa conta. E assim foi. Quando acabei o 9º ano no final de Junho de 1987, fui trabalhar para o Algarve no mês de Julho e regressei a Martim no mês de Agosto. Lembro-me que foi um mês muito quente em que trabalhei no campo a arrancar erva; começávamos às 6h da manhã até às 10h, vínhamos a casa e voltávamos de tarde das 16h às 20h. A razão porque me lembro assim tão bem é porque nesse intervalo do meio-dia aproveitávamos para dormir um pouco, e eu sonhava que andava a arrancar erva... Um pesadelo. E uma vez que já não ia voltar à escola como é que iria ser o resto do ano?!. Foi então que no final de Agosto apareceu em minha casa um senhor, filho de um conhecido do meu pai, de uma aldeia vizinha, a dizer que morava em Paris e andava a procura de alguém para levar com ele para tomar conta dos filhos, e se eu (moi-même) gostaria de ir? Passei o resto do dia a vomitar e mal disposta. Como é que eu ia para Paris assim? Mas o certo é que no final do mês lá fui eu... Sozinha, sem conhecer ninguém e sem saber muito bem a língua apesar de ter tido francês na escola. Foi uma aventura. Sai de Martim no dia 27 de Agosto de 1987, poucos meses antes de fazer 18 anos. Fui de carro com o irmão do tal senhor, a mulher e a filha. Quando estávamos a atravessar a Espanha o carro avariou e tivemos que o empurrar durante algum tempo e eu começava a pensar no que ainda estaria para vir, talvez tivesse sido melhor ter ficado em Martim. Tive vontade de chorar mas não o fiz. Um dia depois do previsto lá cheguei eu finalmente aquela bela cidade, que hoje conheço quase tão bem como as palmas das minhas mãos, e depois foi sempre a andar...





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