domingo, 30 de junho de 2013

O mercador de livros malditos




"Um manuscrito interdito.Um monge assassinado.Um enigma temporal."

"Imaginem uma atmosfera semelhante à de O Nome da Rosa: uma biblioteca poeirenta, monges encapuzados e passos que ressoam por entre a humanidade. Este é o fabuloso mundo de Marcello Simoni."


 "Antes de sair, porém, Ignazio abraçou o velho. Surpreendido com o gesto, o bibliotecário resmungou, mas logo retribuiu o gesto.
 - Pensa bem no que eu te disse, Álvarez - recomendou Asclépio. - Não cedas ao orgulho nem à ambição de saberes mais do que o devido. É um homem de ciência quem to diz. Nascemos para estar com os pés na terra. Animais feitos de carne, é o que somos! Não criaturas imortais. Certas portas devem permanecer fechadas... E depois fica atento. Li em qualquer lado que a haoma, quando usada em doses excessivas, pode revelar-se letal."




Da nossa tristeza




"Hoje estou triste, estou triste. 
Estarei alegre amanhã...
Sempre em qualquer coisa vã.
Ou a chuva, ou o sol, ou a preguiça...
Tudo influi, tudo transforma...
A alma não tem justiça, 
a sensação não tem forma.
Uma verdade por dia...
Um mundo por sensação...
Estou triste.
A tarde está fria.
Amanhã, o sol e a razão."


quinta-feira, 27 de junho de 2013

Lindo, Profundo, Intenso...





«A certeza de que dou para o mal, pensava Joana. O que seria então aquela sensação de força contida, pronta para rebentar em violência, aquela sede de empregá-la de olhos fechados, inteira, com a segurança irreflectida de uma fera? Não era no mal apenas que alguém podia respirar sem medo, aceitando o ar e os pulmões? Nem o prazer me daria tanto prazer quanto o mal, pensava ela surpreendida. Sentia dentro de si um animal perfeito, cheio de inconsequências, de egoísmo e vitalidade. Lembrou-se do marido que possivelmente a desconheceria nessa ideia. Tentou relembrar a figura de Otávio. Mal, porém, sentia que ele saíra de casa, ela se transformava, concentrava-se em si mesma e, como se apenas tivesse sido interrompida por ele, continuava lentamente a viver o fio da infância, esquecia-o e movia-se pelos aposentos profundamente só.»

Poucos livros conseguiram fixar de modo tão nítido as reacções mais íntimas de um ser humano, as suas sensações e descobertas, do que este primeiro romance de Clarice Lispector, então ainda uma adolescente.


"- Não sei...
 - «Não sei» não é resposta. Aprenda a encontrar tudo o que existe dentro de voçê.
 - Bom é viver..., balbuciou ela. Mau é...
 - É?...
 - Mau é não viver...
 - Morrer? - Indagou ele.
 - Não, não... - gemeu ela.
 - O quê, então? Diga.
 - Mau é não viver, só isso. Morrer já é outra coisa. Morrer é diferente do bom e do mau."




terça-feira, 25 de junho de 2013

Mergulho Iceberg no Zêzere




Quando o Zé me perguntou se gostaria de fazer canoagem no rio Zêzere com o grupo do ginásio, olhei para ele de lado e ao mesmo tempo  pensei com os meus botões "e porque não?". Na minha ideia e sem falarmos mais no assunto pensei numa canoa de madeira com remos de madeira e um pequeno lago onde estaríamos virados um para o outro; talvez um pouco monótono mas não deixaria de ser interessante.

Chegado o dia, primeira surpresa: o grupo era de 46 pessoas; primeiro pensamento desconfiado: um lago com 23 canoas de madeira com pares a olharem uns para os outros!

A viagem foi feita de autocarro até Constância, seguindo depois para o ponto de partida a jusante da barragem de Castelo de Bode. Durante a viagem o organizador desta actividade bem falava de descida,  de dez quilómetros, de rápidos, etc. mas eu entretida na conversa pouco sentido dava ao que ele dizia.

Chegados ao local de partida, segunda surpresa: canoas de plástico com 2 metros e tal de comprimento, com os dois lugares orientados para a frente e ainda mais esquisito com pagaias para remar. Ainda cheguei a pensar em papaias de tão ansiosa que estava a ficar.

Descemos a canoa para o rio e terceira surpresa: o da frente, independentemente de ter mais experiência ou não, tinha que ser o menos pesado! Socorro meu Deus!!














































Como se pode ver pelas fotos, depois de cinco minutos na canoa e já me sentia como em casa. Ainda por cima tivemos a sorte de ter havido uma descarga da barragem no dia de trás e por isso não foi necessário andar com a canoa às costas! Tive também a oportunidade de fazer alguns exercícios de ioga na canoa, posso dizer que foi do melhor que pude fazer.

A seguir quarta surpresa: altura de dar o mergulho neste rio já tão "meu" de águas tão claras e... completamente GELADAS! Não consigo transcrever para texto a sensação que tive ao mergulhar, foi como se mil facas de gelo entrassem por mim adentro e me transformassem num iceberg; isto tudo durante o tempo que durou o mergulho porque depois saí da água a correr para me vestir.

E agora a maior das surpresas: encontrei por lá a Carolina. Uma bela rapariga que conheci há vinte anos quando vim morar para esta zona. Há alguns anos que não a via e lá estava ela e por sinal bem acompanhada. Boa sorte.




A Carolina com a Inês

Quase no final da descida houve um pequeno percalço. Ao passar por baixo de uns pilares a corrente era mais forte; vínhamos atrás duma canoa (a passagem foi um bocado atribulada) que começou a encher-se de água e a afundar. Estava ocupada por dois adultos e um menino; tentamos remar para eles e só ouvi o pai dizer meio desnorteado "salva-te tu meu filho" e atirou-o para a nossa canoa. Com algum custo conseguimos remar para a margem chegando ao fim do percurso sãos e salvos.

Houve uma bela de uma jantarada onde deu para socializar e discutir a aventura. Vai haver uma segunda descida desta vez de Constância até ao Castelo de Almourol e eu já faço parte da lista.










E como não podia deixar de ser, uma foto com o nosso querido Camões.






É muito agradável ler Jojo Moyes





"Jojo Moyes entrelaça habilmente as vidas de três mulheres, Joy, Kate e Sabine, que terão de reconciliar-se com os segredos da família."

"Sabine ficou bastante satisfeita com o convite, não só porque lhe dava uma desculpa para passar a tarde fora (embora ela e a avó agora fossem amigas, as refeições naquela longa mesa continuavam a ser uma experiência penosa), mas também porque além de fazer parte da sua própria família, estava a começar a integrar-se na de Thom e Annie. Sendo filha única, de uma mãe periodicamente solteira, aquela era a primeira família que via de perto; uma família que parecia interminável e ramificada, mas íntima o suficiente para que cada um soubesse o que os outros faziam; uma família cujos membros entravam e saíam das casas uns dos outros com descontracção, sabendo simplesmente qual era o seu lugar."


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Crepes com legumes e carne picada




Ingredientes:

Meia dúzia de folhas de crepe (receita)

Couve lombarda cortada fina
Uma cenoura ralada
Rebentos de soja q.b.
Um pouco de carne picada
Azeite, sal, pimenta, manjericão fresco e um pouco de molho de soja

Fazer um refogado com todos os ingredientes; deixar cozinhar em fogo vivo durante 5 minutos. Rechear as folhas de crepe e levar ao forno 10 minutos a 200. Uma delícia!



domingo, 16 de junho de 2013

Não é todos os dias que se recebe o diploma do 4º ano!































Beijinhos minha Joaninha LINDA!



E quando não me apetece muito fazer outra coisa, leio.





Os Inocentes é um livro viciante - cenas repletas de ação, personagens dinâmicas e complexas e a dose certa de sedução e mistério - que, no final, nos vai deixar a questionar os nossos próprios valores.

 Adorei ler este thriller. Foi deveras emocionante!

Julie, uma adolescente devastada pela morte dos pais, sabendo que a sua vida está em risco, decide fugir.

Will Robie é um assassino contratado. Quando uma missão corre mal, passa de perseguidor a perseguido.

Os caminhos de Robie e Julie cruzam-se e os dois vão ter de trabalhar em equipa para salvar as suas vidas.


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Um livro divertido; passa-se um bom momento com ele.





"Uma vida preenchida, de serviço aos outros. Uma vida à qual tentava conferir um sentido positivo. Uma vida da qual gostaria de orgulhar-se. Contudo, toda aquela hiperactividade não passava de uma evasão, de um desejo de se sentir preenchida, como a borboleta nocturna que, obstinadamente, se gruda aos candeeiros. Nunca pousar, nunca deixar de bater as asas, correndo o risco de esgotar todas as energias, correndo o risco de se queimar. Nunca dispor de tempo para confessar o que sabia: que necessitava de uma bússola que a orientasse, de um braço sobre os seus ombros, de punhos que a protegessem."


"Agora, os dois aviões estavam lado a lado, em pistas paralelas, com partidas para destinos radicalmente opostos.
Começaram a ganhar velocidade ao mesmo tempo, fazendo vibrar o alcatrão sob as rodas do trem principal.
No momento em que se cruzaram, uma espécie de interferência sacudiu os dois aparelhos, recordando aos passageiros que, afinal de contas, o amor se separa da morte apenas por três letras."



Amar


Foto by moi-même


"Amar alguém significa despojá-lo da sua alma, transmitindo-lhe assim, nesse rapto, o quanto a sua alma é imensa, inesgotável e límpida. Todos padecemos disso: de nunca sermos suficientemente roubados. Sofremos devido às forças que contemos e que ninguém decide pilhar, para nos ajudar a descobri-las."


Quem és tu miúda?!





terça-feira, 11 de junho de 2013

Lê-se num abrir e fechar de olhos deixando-nos a pensar de olhos bem fechados





  "São cinco horas da tarde já escura e há muitas formas de descrever um momento. Limitando-nos ao prédio onde mora a nossa história, podemos escolher os gestos e falar deles. Os gestos desse momento: comer, construir, trabalhar, embalar, olhar, limpar, ler, desenhar, fumar, pentear, rezar, sofrer. Podemos também isolar objectos que se movem ou são tocados: uma faca, um tubo de ferro, um computador, um berço, um palhaço de algodão, uma vassoura, folhas escritas, uma escova de cabelos, um lápis de carvão, um cigarro aceso, um crucifixo, uma fotografia antiga.
  Mais difícil é saber o que pensam os moradores. Acontece por vezes pensarem em muitas coisas ao mesmo tempo, ou então alternarem os pensamentos de forma tão rápida que os instantes ficam tremidos, outras vezes são coisas vagas que não encaixam em palavras.
  As palavras são difíceis mas são o que temos. O sofrimento é único para cada homem e para cada mulher, são infinitas as dores e poucas as palavras que lhes dão nome: desgosto, arrependimento, comiseração, tristeza, pesar, mágoa, pena, lástima, aflição, angústia, nojo, desolação, comoção, choque, amargor. Faltam termos e sobram as horas más. Não falta descrever o que se pensa, porque não importa, o sofrimento corre abaixo da cabeça, no corpo que apanha, às voltas no mesmo lugar, que é o centro de tudo, como se chama o centro exacto de nós?"


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Luís Vaz de Camões (1524 - 1580)





Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado,
Assim que, só pera mim
Anda o mundo concertado.

Aldeia das Açoteias























Há vinte anos atrás, nos feriados de 10 e 13 de Junho, fui passar o meu primeiro fim de semana com amigos ao Algarve. Naquele tempo era um sonho fazer estas coisas. Tenho saudades da minha amiga Cristina que organizou a viagem, nunca mais nos voltamos a ver. No entanto, o que importa mesmo são as boas recordações que guardo desse tempo.


sábado, 8 de junho de 2013

Quem gostou de ver o filme "Regresso ao Futuro" vai gostar de ler este livro





São Francisco. Elliott, médico apaixonado, nunca se recompôs do desaparecimento de Ilena, a mulher que ele amava, morta há 30 anos. Um dia, uma situação extraordinária permite-lhe recuar no tempo e encontrar o jovem que ele era, há 30 anos atrás. Elliott regressa ao instante decisivo em que um gesto seu pode salvar Ilena e modificar o destino implacável que determinara a sua vida desde então.



 "Esta última revelação fê-lo agitar-se na cadeira. Tudo batia certo: na véspera, adormecera cerca das 22h, para "reaparecer" 30 anos antes cerca das 23h30. A duração da sua viagem foram assim 90 minutos: o período de tempo necessário para se entrar na primeira fase de sono paradoxal.
 Então, era assim que funcionava: durante esse período de actividade cerebral, a substância contida no comprimido provocara nele um regresso ao passado. Tudo aquilo podia parecer uma verdadeira loucura, mas chegara a um período da sua vida onde, à força de já não acreditar em nada, estava pronto a acreditar em tudo."



Deixa estar que eu pincho!


- O que é que disseste mãe?!


Pinchar = Saltar


















Tirei a roupa da máquina de lavar, peguei na bacia e fui estendê-la ao quintal. Ao sair da porta da garagem deparei-me com o mesmo espectáculo de quase todos os dias: a Joana e o Santiago na brincadeira em frente às escadas que dão acesso ao estendal. Tentei passar mas o Santiago de tão doido que é (ainda não consegui perceber muito bem como é que este cão pode ter tantos tiques da doidice de cada um aqui de casa) começou a saltar e não me deixava passar. A Joana tentou segurá-lo mas ele virou-se e revirou-se, puxou e repuxou... E a bacia quase que foi pelos ares juntamente com toda a roupa, que ainda por cima era branca! Para não me irritar disse então à Joana "deixa estar que eu pincho p'ró quintal".


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Engano





" - É muito estranho ver-te.
  -  mais estranho é não me veres, ou não será?
  - Não. O normal é não te ver.
  - Estás um bocado diferente. Que te aconteceu?
  - Para estar diferente? Diz-me em que estou diferente e eu digo-te a razão. Estou mais alto, mais baixo, mais gordo, mais largo?
  - Não, é uma coisa subtil.
  - Uma coisa subtil? Queres que te diga a verdade? Tive saudades tuas."



Se eu tivesse um martelo




segunda-feira, 3 de junho de 2013

Feira do Livro




Lá fui eu, ontem, à feira do livro. Fiquei-me por estes que veêm na foto. Claro que se mais dinheiro houvesse no mealheiro mais se teria gasto; mesmo assim já não foi mau. Até porque estes foram só para mim! Como diz o velho ditado camoniano, mudam-se os tempos mudam-se as vontades, o mesmo acontece com os gostos, neste caso os literários. Lembro-me há dois anos atrás de ter estado na feira e ter procurado mais os pavilhões de literatura "cor de rosa". Apesar de não ter desgostado do período cor de rosa, sinto-me muitíssimo bem com esta nova "cor".

domingo, 2 de junho de 2013

Um tipo de leitura ao qual não estava habituada e que me seduziu!





Sinopse

Num país sem tradição memorialísticas  no qual as poucas obras que existem representam a justificação de acções pretéritas, Maria Filomena Mónica procura apresentar a sua vida sem glorificações nem lamurias  Não presume fornecer a Verdade, mas apenas a sua verdade: outros terão olhado as pessoas, os acontecimentos e as peripécias de que aqui nos fala de forma diferente. Num país conservador, católico e hipócrita, o tom cru deste livro poderá chocar. Mas a intenção da autora não foi essa, mas sim a de tentar perceber, e dar a perceber, uma vida, uma família e um país, entre 1902, data do nascimento da sua avó, e 1976, o ano em que, após uma estadia no estrangeiro, regressou a Portugal.


Depois de acabar de ler  "Bilhete de Identidade" tropecei por acaso no livro de Joaquim Vieira, "A Governanta". Muito simples e directo. Gostei.




D. Maria, a sombra de Salazar

Nunca se tornou formalmente a primeira-dama de Salazar, mas, enquanto este liderou o país a partir de São Bento, foi Maria de Jesus quem geriu as questões práticas da vida do ditador, por quem nutriu muito mais do que simples admiração.