terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Canecos, canecos, e mais canecos de água




Se há alguma coisa que toda a gente fez em Martim, principalmente a canalha, há 30 anos atrás, foi acarrar canecos de água. Não havia água canalizada, hoje já há. O fontanário era o único sítio na aldeia que botava água. Durante o Inverno havia água com fartura, por isso ia-se buscar à medida que fosse preciso. Trazia-se os canecos cheios à cabeça; fazia-se uma rodilha, punha-se na cabeça e o caneco por cima. Depois era ver quem conseguia levar o caneco cheio sem mãos. Durante o verão como havia pouca água, o fontanário fechava e só abria umas horas durante a tarde. Logo pela manhã as pessoas iam por os canecos ao fontanário para guardar a vez; ao final da tarde já a fila de canecos e bilhas dava volta à capela nova. E depois era uma aventura, toda a gente se juntava à espera para encher os canecos e para falar uns dos outros. Sabiam-se as novidades, algumas mulheres engaliavam-se e chamavam nomes umas às outras; a canalha aproveitava para apreciar e para brincar. Eu tinha sempre pena quando chegava a minha vez, mas lá enchia o caneco com medo que depois não houvesse água.


1 comentário :

Cecilia disse...

Eu tambem me lembro desse tempo...........as vezes sinto saudades e so de pensar que jà la vao 30 anos sinto um aperto no coracao como o tempo passa depressa..............