sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A Matança

Durante muitos anos, desde que éramos pequenas e até há dez anos atrás o meu pai matou sempre um reco (porco) por altura do Natal. Era uma grande trabalheira mas também um momento de grande alegria. Todos participávamos com vontade e tínhamos a nossa parte para fazer. Eu não gostava muito quando me calhava ir com uma pessoa adulta, a minha mãe ou tia, lavar as tripas ao rio. Primeiro porque cheirava muito mal e segundo porque a água estava sempre muito gelada e por vezes tínhamos que partir o gelo com uma pedra. O que eu mais gostava era de ver a minha mãe com um alguidar a apanhar o sangue para o bater ainda quente e depois pô-lo a cozer. Comíamo-lo então ao sair da panela e o que restava era para fazer papas de serrabulho (desfaz-se bem o sangue mistura-se mel e nozes partidas e leva-se ao lume com pingo – banha, que se aproveita dos rijões/rojões). Os rijões com batatas cozidas nesse dia não faltavam para ninguém, vinha almoçar quem quisesse.

1 comentário :

Anónimo disse...

Mesmo que já não tenha um reco para matar, tripas para lavar em água gelada, papas de serrabulho para saborear na companhia de uma casa cheia... Mesmo assim, não deixe de ser feliz e de ter um agradável natal.
Só pelas suas histórias já merece isso e muito mais!
BOM NATAL. EXCELENTE 2012.