quinta-feira, 14 de junho de 2012

6ª Etapa, Padrón - Santiago de Compostela (22 km = 29.333 passos)



25 de Maio de 2012, sexta-feira
Depois do agradável e saboroso repasto fomos todos descansar. Aqui começaram também as despedidas uma vez que alguns iam sair mais tarde e ficar no albergue de Teo. Eu e a Helena combinámos sair às 5h30 da manhã para podermos chegar juntas a Santiago, uma vez que eu tinha que apanhar o comboio das 16h30 para Vigo e dai para Valença onde ia passar a noite.
Por volta das 6h tomámos o pequeno-almoço e o Michel juntou-se a nós nesta altura. A seguir retomámos o caminho que até ao santuário mariano de A Escravitude (séc. XVIII). Até este lugar o caminho é plano mas a partir daqui começa uma subida até à pitoresca aldeia de Angueria de Suso. De seguida tivemos de vencer várias subidas e descidas até à grande descida do rio Sar; por fim existe uma íngreme subida que nos leva até Santiago. Neste trajecto caminhámos alternadamente por diferentes tipos de piso: terra batida, gravilha e asfalto (estrada nacional 550). Durante esta última etapa conversei bastante com o Michel sobre as nossas vidas, o que me fez muito bem e nem demos conta pelos quilómetros a passar. Conhecemos um senhor francês dos arredores de Paris e mais tarde o Paulo, a Pia e o Michael juntaram-se a nós.
Almoçámos por volta das 14h já em Santiago e de seguida fomos para a Catedral e dai para a Oficina do Peregrino a fim de obtermos a Compostela.


  




 
   








  





Com a Compostela na mão chegou a hora da despedida, confesso que fiquei com o coração pequenino. Despedi-me da Helena com um grande abraço e disse-lhe que afinal sempre tínhamos quebrado a ”maldição”, ela respondeu que sim e que ficava à minha espera em Estocolmo para fazermos um cruzeiro. A seguir foi a vez do Paulo, da Pia e do Michael. Quando cheguei ao Michel ele disse que me acompanhava até à estação. Fiquei emocionada. A caminho da estação encontrámos a Margaret e a Marion que me disseram mais uma vez que a noite anterior tinha sido fantástica. No meu rudimentar inglês só consegui dizer “happy life” ao que elas responderam com uma sonora gargalhada “yes, yes, happy life”.
Quando eu e o Michel nos despedimos com um grande e reconfortante abraço ele disse-me que me desejava tudo de bom e que apesar de não saber o que me ia acontecer tinha a certeza de que ia correr tudo bem porque eu era uma pessoa que me sentia muito à vontade e segura na vida.   



3 comentários :

Anónimo disse...

Obrigado pela partilha desta bela e emocionante experiência; peregrinar faz-nos sentir que estamos aqui só de passagem e isso ajuda-nos a relativizar muitas coisas e a dar importância àquilo que é realmente essencial, como a amizade, a bondade e a doação aos outros. Porque cada pessoa que encontramos e nos acompanha no caminho leva um pouco de nós e deixa um pouco de si mesma. A coragem que teve em realizar e revelar a sua caminhada é um bálsamo reconfortante para a alma e uma lição de vida. Sentimos a paz e a riqueza interior que emanam das suas palavras e actos. Ao fim e ao cabo, o termo duma peregrinação é apenas o início duma nova etapa que, finalmente, nos levará um dia até à Plenitude total. Muito bem descrita e fotografada (diria até que é um bom guia de viagem) a sua peregrinação aguça-nos o apetite para nos fazermos ao Caminho. Parece ser pequenina, mas tem "ganas" e uma alma do tamanho do mundo. Mais uma vez obrigado, parabéns e boa sorte! "Deus ajuda e Santiago".

Anónimo disse...

Minha Querida Zeza, durante estes posts viagei contigo... Fez-te bem, não foi? Como tu própria disseste encontraste-te. Foi por isso que tiveste de peregrinar. Ao fazeres o caminho para Santiago, encontraste o teu - segundo o que tu disseste. Ainda bem. Fico feliz! E graças ao teu relato fiquei cheia de vontade de fazer o mesmo.

zeza disse...

Obrigada pelos comentários. E tu Susie se fores vais amar.