segunda-feira, 4 de junho de 2012

Em Pontevedra



Acabados de chegar ao albergue mais mortos que vivos, dirigimo-nos ao balcão para carimbar a credencial do peregrino e pagar a noite. Nesse momento disse à Helena e ao Paulo que eu não carimbava a minha e que depois explicava porquê (o albergue de Pontevedra é dirigido pela Associação dos Amigos do Caminho Português, por isso só aceitam carimbar as credenciais cedidas por eles, uma vez que existem vários tipos; no entanto pode-se pernoitar qualquer que seja a credencial que o peregrino possua). No ano passado recusaram carimbar a minha. Quando vou fazer o pagamento o senhor do albergue pediu-ma e eu disse-lhe que ele não ma ia carimbar; ele insistiu e eu expliquei-lhe a situação da última vez que estive lá e em que recusaram o carimbo e acrescentaram que com aquela credencial não me iam dar a Compostela em Santiago, coisa que se veio a revelar falsa. Esta associação tem um pouco a mania de que o caminho lhe pertence e por isso abusam das pessoas que estão menos informadas. No entanto, o senhor insistiu para que a fosse buscar que a carimbava; nessa altura interveio a senhora que estava com ele e disse que a minha credencial era como se fosse papel higiénico. Foi neste momento que a Helena incrédula com a atitude da mulher a chamou à razão e lhe fez ver a estupidez da sua afirmação. Para cúmulo da situação o presidente da associação encontrava-se presente e dirigiu-se à Helena com maus modos e quando esta lhe disse que era Sueca ele retorquiu que se assim era ela que fosse para um hotel de 5 estrelas e que o deveria fazer uma vez que a Suécia tinha roubado muito à Espanha. Para cúmulo dos cúmulos o próprio presidente da Associação dos Amigos do Caminho Português (espanhola) lançou-lhe aquilo a que ele chamou a “maldição de Santiago”, que seria não conseguir terminar o caminho. Ficamos todos estupefactos e incrédulos; eu própria senti-me muito mal pois tudo aquilo era por minha “culpa”. Naturalmente devem ter eleito este burro e mentecapto para presidente sem querer!

a minha credencial (portuguesa)
a deles

Depois de tais acontecimentos instalámo-nos nos dormitórios bastante constrangidos e tristes; reparei também que a Helena que me parecia uma pessoa forte e segura ficou muito abalada com o sucedido, principalmente com a “maldição” e não parava de dizer que se ia queixar na Oficina do Peregrino de Santiago (contou estes acontecimentos a todas as pessoas que encontrou a partir daqui o que nos demorou o dobro do tempo a chegar ao local pretendido).

Quando íamos a sair para comer qualquer coisa encontrámos a Pina e o Pier António que me disseram que na noite anterior quando os deixámos no café se fartaram de perguntar pela “petite portugaise”. A Helena contou-lhes o sucedido e a Pina arregalou os olhos de espanto, pois tinha estado na converseta com o presidente e tinha-o achado o máximo! Convidaram-nos para nos juntarmos novamente ao grupo, mas como a Helena disse que não estava com disposição, eu e o Paulo ficámos com ela. Demos um passeio para espairecer, comemos num pequeno café ao lado do albergue e fomos descansar cedo. No café conhecemos dois peregrinos alemães (pai e filha, o klaus e a Ute); ele falava francês e ela português. Foi giro porque eu falava com ela em português, com ele em francês e os dois entendiam-se entre si em alemão. Entretanto a Helena continuava a sua saga de espalhar a história aos quatro ventos e a vítima desta vez foi o dono do café,  que por sua vez já tinha tido uma querela com o dito cujo e também não gostava nada dele. Ao Paulo calhou-lhe a sorte de nos aturar às duas!


1 comentário :

Anónimo disse...

Há gente muitíssimo idiota.