terça-feira, 29 de maio de 2012

Pequenas histórias da minha peregrinação pelo Caminho Português de Santiago




O ano passado quando fiz a caminhada a Santiago com o Zé, pensei que um dia a iria fazer sozinha. Já está. Já a fiz. Correu muito bem, e foi durante essa semana, enquanto percorria o caminho que encontrei o lindo Oásis no meu deserto.

19 de Maio de 2012, Sábado

Apanhei a camioneta para Valença do Minho às 13h em Lisboa e segui sozinha rumo à aventura. Nesse dia fiquei no albergue de Valença, apesar da chuva que caía quando cheguei ainda dei um passeio pela fortaleza.




20 de Maio de 2012, domingo (Etapa Valença/Tui - Porriño: 16 km = 21.333 passos)

Depois de uma noite mal dormida levantei-me às 6h da manhã e fiquei em pânico quando dei conta de que chovia torrencialmente.”Não posso de maneira nenhuma sair assim.” Voltei a deitar-me mas não consegui sossegar. Levantei-me novamente e arranjei-me; às 7h estava pronta para sair, foi então que a chuva parou e aí aproveitei para me fazer ao caminho. O céu estava tão escuro que parecia que me ia engolir (não engoliu!). Foi com alívio e entusiasmo que atravessei a ponte para Tui e à medida que ia avançando o céu ia clareando. Vinte minutos depois atravessava a fronteira e entrava em terras de “nuestros hermanos.”




 






Depois de passar pela Catedral de Tui parei para tomar o pequeno-almoço e pôr o primeiro carimbo (selo) na minha Credencial do Peregrino para ter direito à Compostela ao chegar a Santiago.

 A partir daqui continuei o caminho sem qualquer problema de orientação porque  está muito bem sinalizado com marcos (com os quilómetros que faltam para Santiago) vieiras estilizadas e setas amarelas. Costumo dizer que me perco mais facilmente a conduzir em Lisboa do que ir a pé a Santiago.





Seguindo por uma bela vereda cheguei a um sítio chamado Ponte das Febres; aqui existe um cruzeiro que assinala e testemunha a morte de São Telmo, bispo de Tui, no regresso da sua peregrinação a Santiago.



Continuei a minha caminhada sozinha enredada com os meus pensamentos até chegar ao alto de Orbenile, onde me encontrei com os dois primeiros peregrinos de quem vou ficar grande amiga. No entanto prossegui sozinha e na descida para Porrinõ recomeçou a chover. Antes de chegar ao albergue tive de atravessar o árduo polígno industrial de Porriño, que é uma das partes mais entediantes e desinteressantes do caminho; isto porque é uma recta de 4 kms apenas com fábricas e pedreiras de um lado e do outro (se algum dia fizerem este caminho no início da recta apanhem um táxi e saiam antes do albergue por causa do alojamento; claro que isto fica só entre nós).
Finalmente por volta das 14 horas cheguei ao albergue onde terminei a minha primeira etapa. Escusado será dizer que não encontrei vivalma ao atravessar a povoação. Está-se mesmo a ver porquê: SIESTA.




5 comentários :

Anónimo disse...

Corajosa. Eu jamais conseguiria ir a Santiago a pé mas sozinha... E se combinássemos para um dia ir juntas?

Sandra disse...

Gosto muito que tenhas começado a contar as peripécias da tua viagem a Santiago. E nao te esqueças que para a proxima vou contigo!! Beijos.

zeza disse...

olá Susie, claro que podemos combinar, é só dizeres vamos que eu vou! Beijinhos para ti e para a L.

zeza disse...

Olá Sandra, não me esqueço, bem sabes que gostava que fizessemos o caminho as quatro. Também temos muitas saudades tuas. Beijinhos.

Joana Maria Horta disse...

Olá Zéza,
ler os tuas aventuras, têm-me ajudado muito a preparar o meu caminho. Dia 26 de Maio irei fazê-lo. É a primeira vez e por isso vou com amigas, mas espero conseguir, um dia, fazê-lo sózinha apenas na companhia de Jesus.
Obrigada p´las dicas, beijinhos:
Joana Maria Horta, Tavira