segunda-feira, 28 de maio de 2012

Os livros que li durante estes dias



“ Em 1939, com a guerra a acabar de ser declarada, um grupo de pessoas privilegiadas embarca no mais luxuoso avião de sempre, o Pan American Clipper, com destino a Nova Iorque: um aristocrata britânico, um cientista alemão, um assassino e a sua escolta, uma jovem em fuga do marido e um ladrão encantador mas sem escrúpulos. Durante trinta horas, não há escapatória possível desse palácio voador. Sobre o atlântico, a tensão vai crescendo até finalmente explodir num clímax dramático e perigoso.”


Este foi um dos livros que também me fez explodir num clímax delicioso de leitura.





“Todos temos dentro de nós uma insuspeita reserva de força que emerge quando a vida nos põe à prova.”

"... Talvez não fizessem nada que não tivessem feito com outros, mas é muito diferente fazer amor amando."


Isabel Allende, “A Ilha Debaixo do Mar”

Trata-se da história do extraordinário percurso de vida de Zarité, uma escrava dos finais do século XVIII, natural de Saint-Domingue. Apesar de ter nascido escrava, esta mulher foi abençoada à nascença com uma “boa estrela” que a terá dotado de uma incondicional força e coragem, de um amor e uma bondade natural inquestionáveis…


Mais um livro brilhante desta escritora que me deixa saudades depois de terminada a leitura.



“Patrmónio” é a recriação dos últimos anos de vida de Herman Roth, 86 anos, após a morte súbita da mulher e de lhe ter sido diagnosticado um tumor cerebral.
É uma história verdadeira, crua, repleta de amor, medo e dor, onde transparece a admiração do autor pelo pai, judeu teimoso, que trava uma luta desigual com o tumor que o irá matar.
É também, um poderoso livro de boas e más memórias, de partilha, de preparação para a terrível perda de um progenitor.
Este texto não é ficção e como tal a sua leitura nem sempre é fácil, mas eu adorei.
(…) Ao ver-me, pouco faltou para se desfazer em lágrimas. Numa voz tão desolada como alguma que eu jamais ouvira, dele ou de qualquer outra pessoa, disse-me aquilo que não me tinha sido difícil de supor:
  - Caguei-me.
Havia merda por todo o lado, espalhada pelos pés no tapete da casa de banho, a escorrer pelas bordas da sanita e, aos pés dela, numa poia no chão. Esparramada no vidro do nicho do chuveiro do qual ele acabara de sair e amontoada nas roupas que despira. E no canto da toalha com a qual começara a enxugar-se. Naquela pequena casa de banho, que geralmente era a minha, ele fizera os possíveis para sair daquela imundice sozinho, mas como estava quase cego e acabado de sair de uma cama de hospital, ao despir-se e entrar no chuveiro conseguira apenas espalhar a porcaria por todo o lado. Vi que chegara, até, às pontas das cerdas da minha escova de dentes, suspensa do suporte por cima do lavatório.
    - Pronto, não se preocupe – disse eu. – Tudo se vai resolver.
(…) levei a malcheirosa fronha para o andar de baixo, meti-a num saco de lixo preto, que atei bem atado, transportei o saco para o carro e atirei-o para a bagageira, a fim de o levar para a lavandaria. Agora que o trabalho estava feito, não poderia ser mais claro para mim o motivo por que isto estava certo e como devia ser. O património era, então, isso.  E não porque limpar a porcaria fosse simbólico de qualquer outra coisa, porque não era; antes por não ser nada menos nem nada mais do que a realidade vivida que era.
   Ali estava o meu património. Não era o dinheiro, não eram os filactérios, não era a tigela de barbear: era a merda. (…)

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