segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Um livro que não se pode deixar de ler!




Sinopse


Numa estrada adormecida da Galiza, dois homens atropelam um javali. A visão do animal morto na estrada levará um deles — Saldaña Paris, um jovem poeta mexicano de olhos azuis inquietos — a puxar o primeiro fio do novelo da sua vida. Instigado pelas confissões desconjuntadas do poeta, o seu companheiro de viagem — um professor universitário divorciado — irá tentar descobrir o que está por trás da persistente melancolia de Saldaña Paris. A viagem de descoberta começa com a leitura de um manuscrito da autoria da ex-mulher do mexicano, Teresa, que morreu há pouco tempo e marcou a vida do poeta como um ferro em brasa. O narrador não poderia adivinhar (porque nunca podemos saber as verdadeiras consequências dos nossos actos) que a leitura desse manuscrito teria o mesmo efeito sobre a sua vida.As páginas escritas por Teresa revelam a sua adolescência no seio de uma família portuguesa contaminada pela desilusão: um pai ausente e alcoólico, um tio aventureiro e misterioso, uma mãe demasiado protectora. Mas o que ressalta com maior vivacidade daquelas páginas é o relato enternecedor do seu primeiro amor, ao mesmo tempo que começam a insinuar-se na sua vida realidades grotescas e brutais. Confrontado pela primeira vez com a suspeita dessa terrível possibilidade, Saldaña Paris mergulha numa depressão profunda. Determinado em libertar o amigo do poder corrosivo do mal, o nosso narrador compõe então, peça a peça, a biografia involuntária dos dois amantes. Uma biografia que passa pelo desvelar do passado, para que este não contamine irremediavelmente o futuro.


"(...) É isto a Espanha e é isto a Europa: uma cambada de vencidos que se julgam vencedores.» Soltei um riso de desdém. « A beleza ou o génio não têm de ser uma tirania. Mas o ser humano é. temos de levar com ele todos os dias na sua infinita capacidade para a vulgaridade e a estupidez. Começa nas pessoas que vemos na rua, estendendo-se à nossa família e nem os nossos amigos escapam - se tens a sorte de ter uns quantos, ou apenas um.»"


"(...) A melancolia é impossível de combater porque, a partir do momento em que nos aventuramos no mundo, teremos sempre saudades de tudo. De tudo. Do que fizemos e do que não fizemos, de quem se cruzou no nosso caminho e de quem já mais conseguiremos encontrar. cuidar das plantas no nosso jardim é prolongar a existência a criaturas que hão-de morrer quando nos esquecermos delas; é querer fazer com que o amor dure mais tempo para, quando nos virmos livres desta vida de uma vez por todas, partirmos de coração a transbordar de tudo o que deixamos para trás."



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