domingo, 9 de novembro de 2014

O sol dos Scorta




Depois de ter passado quinze anos na prisão, Luciano Mascalzone regressa a Montepuccio, uma pequena aldeia do Sul de Itália onde as horas passam debaixo de um calor inclemente. Luciano vem à procura de Filomena Biscotti, uma mulher que desde a juventude deseja profundamente, mas ignora ainda que quem lhe abrirá a porta de casa e se deixará violar será Immacolata, a irmã mais nova de Filomena. Espancado pelos habitantes da aldeia, Luciano morre sem saber que Immacolata dará à luz um filho, o primeiro elo da linhagem dos Scorta...(...) Com uma imaginação que atingiu o seu esplendor e com a musicalidade de um estilo único, Laurent Gaudé conta-nos a existência dos Scorta de 1870 aos nossos dias, num fresco fabuloso que obteve em 2004 o mais importante prémio literário francês, o Goncourt.

"- Pois é. - Instalou-se um silêncio entre os dois homens, mas logo a seguir o rosto de don salvatore iluminou-se e acrescentou: - As azeitonas são eternas. Uma azeitona não dura. Amadurece e apodrece. Mas sucedem-se umas às outras, de maneira infinita e repetitiva. São todas diferentes, mas a sua longa cadeia não tem fim. Têm a mesma forma, a mesma cor, foram amadurecidas pelo mesmo sol e têm o mesmo sabor. Portanto, é verdade, as azeitonas são eternas. Como os homens. A mesma sucessão infinita de vida e de morte. A longa cadeia dos homens não se quebra. Em breve chegará a minha vez de desaparecer. É o fim da vida. Mas, para os que cá ficam, tudo continua."


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