sexta-feira, 21 de março de 2014

Dia da Poesia e Dia da Àrvore





 Quando vier a Primavera,
 Se eu já estiver morto,

 As flores florirão da mesma maneira

 E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.

 A realidade não precisa de mim.


 Sinto uma alegria enorme

 Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma


 Se soubesse que amanhã morria

 E a Primavera era depois de amanhã,

 Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.

 Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?

 Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;

 E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.

 Por isso, se morrer agora, morro contente,

 Porque tudo é real e tudo está certo.


 Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.

 Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.

 Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.

 O que for, quando for, é que será o que é.


Alberto Caeiro


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